sexta-feira, 9 de março de 2012

Pais, o que andamos nós a fazer?

Pessoal Vet, peço desculpa, mas vou usar este nosso espaço para uma reflexão pessoal!

A tarefa de ser pai/mãe é a mais difícil e a de maior responsabilidade da nossa vida! Concerteza que todos tentamos fazer o nosso melhor!

Na minha opinião como mãe, e que vale o que vale, amar e educar os nossos filhos não é fazer-lhes todas as vontades, nem fazê-los pensar que são melhores ou superiores aos outros! Bem sei, por experiência própria que isto é difícil porque no nosso coração, realmente os nosso filhos são os maiores, estão acima e à frente de tudo e de todos, mas não confundamos o que sentimos por eles, que será sempre um amor incondicional, com o dever de os preparar para a vida, para a sociedade, enfim, para o Mundo!

Se houve coisa que me alegrou na minha vida de mãe, e me deu até algum descanso/alívio, foi a minha filha ter decidido fazer desporto, e mais ainda, por ter optado por um desporto colectivo e a cereja em cima do bolo foi esse desporto ser o basquetebol, pelo qual também passei e que marcou de forma muito positiva a pessoa que hoje sou!

O “descanso” que senti foi porque sabia os valores que o basquete me ajudaria a transmitir à minha filha, sabia o que este desporto a ajudaria na formação da sua personalidade e na forma como encararia a sua vida no presente e no futuro!

Foi este o meu primeiro pensamento e aquilo que mais valorizei desde que ela iniciou o seu “percurso” desportivo, se ela teria sucesso desportivo ou se algum dia ganharia alguma coisa nunca foi prioridade no meu pensamento! Obviamente que não vou dizer que não gosto de ver a equipa dela ganhar, que me é indiferente se ganham ou perdem, claro que não! Mas isso são alegrias/tristezas de momento! O que se ganha é muito maior que os resultados! Já tenho a certeza que ela é uma pessoa melhor por ter passado (e ainda estar) por este desporto e tenho também a certeza, que um dia, daqui a uns anos, o que ela mais recordará serão as amizades, as experiências, os sentimentos, as emoções especiais e não os resultados pois esses podem sempre consultar-se numa folha de papel!

O que me motivou a escrever este “desabafo” foi o que tenho assistido ultimamente nas bancadas dos nossos pavilhões, na atitude generalizada de crítica destrutiva e agressividade verbal não para com adversários, o que já por si seria mau, mas para com a própria equipa! Sim, aquela que supostamente estariam ali para apoiar! Que triste que fico quando ouço pais a gritarem barbaridades sobre os/as miúdos(as) (e dizendo o seu nome, para que percebam bem!) da equipa dos próprios filhos, sobre os treinadores e as suas escolhas e opções tácticas e técnicas!

Mas afinal quem somos nós para estarmos a destruir e a “minar” o trabalho de pessoas que, muitas vezes apenas por gosto e carolice, fazem pelos nossos filhos para que se tornem bons atletas mas, mais do que isso, boas pessoas? Que exemplo e que valores passamos aos nossos filhos quando dizemos alto e bom som que os seus treinadores são incompetentes ou que os(as) seus/suas colegas não jogam bem, etc.! Quem somos nós para desdenhar e desfazer no tempo que estas pessoas oferecem e dedicam aos nossos filhos?

Como podem os pais “avaliar” o trabalho dos treinadores pelo tempo que os seus próprios filhos jogam, que critério é esse? Claro que é normal sentir alguma frustração quando os nossos filhos não jogam, ou jogam pouco, mas com que direito descarregamos essa frustração em tudo e em todos, minando o ambiente de bancada e, consequentemente, o ambiente da própria equipa? Que valores estaremos a passar para aos nossos filhos quando, no fim de um jogo que correu menos bem damos a entender que “os outros, os que jogam mais tempo, perderam o jogo!” Mas quais outros? Numa equipa não há “outros”, não há responsabilidades individuais nem pelas derrotas, nem pelas vitórias, uma equipa é um Todo e só funciona se todas as partes desse Todo estiveram em sintonia, puxando para o mesmo lado, lutando pelo mesmo objectivo! E nós, pais, deveríamos também fazer parte desse Todo, deveríamos estar também nós em sintonia e fazer o nosso papel na bancada que é apenas apoiar e defender a nossa EQUIPA.

Aos pais que pensam estar a “defender os seus filhos” com estas atitudes, pergunto: Como farão quando eles crescerem e tiverem desilusões e frustrações nas várias áreas da sua vida: amorosas, académicas, profissionais…? Como estarão eles preparados para lidar com as “adversidades” que surgem ao longo da vida? Se há coisa que o basquete ensina é a saber ganhar e perder, é a não baixar os braços e muito menos a cabeça, é trabalhar sempre mais e melhor, por nós próprios mas, principalmente, pela equipa! O que ganharão os nossos filhos ao “agarrarem-se” a desculpas, criadas nas suas cabecinhas com apoio dos pais, de que são umas vítimas pois os treinadores ou são incompetentes ou embirram com eles ou não gostam deles acabando isso por influenciar a sua atitude em treino e em jogo, mostrando desinteresse, desmotivação e até parecendo que estão a fazer “um frete” ou ainda numa atitude de “gozo” ou provocação…! Jogam pouco? Só têm um remédio: trabalhem mais, entreguem-se mais, dêem tudo o que têm, provem que merecem jogar mais!

Quanto aos Pais, se têm críticas a fazer, façam-nas de forma construtiva, ou seja, falem apenas com as pessoas certas, em “sede própria” e no momento adequado! Canalizem a vossa insatisfação de forma construtiva e perseverante, acompanhem a equipa de modo positivo, envolvam-se mas para ajudar! Tentem abster-se de influenciar o trabalho interno da equipa, dêem-lhes o benefício da dúvida e deixem que sejam os vossos filhos, junto com a sua equipa, a resolverem e a gerirem as situações que vão surgindo, parem de lhes passar a imagem de que são “vítimas” e que têm todo o direito de “desrespeitar” os outros elementos da equipa! Os vossos filhos estão num desporto colectivo, pelo que, apoiá-los é também apoiar a sua Equipa! Se não o conseguem fazer, porque o/a vosso/a filho(a) não está a jogar, talvez seja melhor remeterem-se ao silêncio, ou até, porque não deixar de assistir aos jogos?

Desculpem a franqueza de quem sabe que não é melhor do que ninguém mas por favor parem de prejudicar e minar as EQUIPAS de que os vossos filhos, joguem mais ou menos tempo, fazem parte!

Famse
06-03-2012

1 comentário:

sara borges andorinho disse...

gostei de ler e concordo em absoluto! bravo!